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Infecção pela bactéria H. Pylori

Descoberta em 1983 na Austrália, a bactéria chamada Helicobacter pylori é um bacilo Gram negativo, com inúmeros fatores de virulência e que coloniza a mucosa gástrica (estômago).

Esta bactéria tem como uma de suas características a capacidade de interagir com a célula do hospedeiro de forma a garantir sua permanência por longo tempo no organismo. A bactéria sobrevive ao ambiente ácido, graças a sua capacidade de converter a ureia em amônia e gás carbônico, isso é o que lhe dá energia necessária para permanecer na mucosa por muito tempo.

Estima-se que em torno de 50 a 60% da população mundial tenha essa bactéria, frequentemente adquirida na infância e pode persistir por toda a vida, mas a maioria dos humanos infectados por ela não apresentam qualquer tipo de sintomatologia.

Não há clareza do porquê algumas pessoas com H. pylori desenvolvem doenças e outras não, a persistência das infecções ainda não está bem definida e é possível que ocorra a eliminação espontânea da bactéria pelo organismo.

Apenas uma pequena percentagem de pacientes infectados desenvolve respostas mais severas a infecção, sendo a gastrite o quadro clínico aparente mais comum. Algumas pessoas podem apresentar também úlcera péptica ou duodenal, adenocarcinoma gástrico e linfomas, principalmente o linfoma MALT (Linfoma do tecido linfoide associado a mucosa).

A transmissão de H. pylori ocorre provavelmente através do consumo de água e alimentos contaminados, sendo sua prevalência (proporção de indivíduos com a bactéria) maior em pessoas de baixo nível socioeconômico. A bactéria pode ser encontrada nas fezes, na saliva e na placa nos dentes, e pode ser transmitida de pessoa para pessoa.

Estima-se que entre 10 a 20% das pessoas infectadas com a bactéria desenvolvem úlcera péptica e 1% evoluem para o câncer gástrico (ERNST; PEURA; CROWE, 2006). A bactéria contribui para a formação de úlceras ao elevar a produção de ácido gástrico, afetando as defesas normais do estômago e produzindo toxinas. A infecção de longo prazo pode aumentar o risco de a pessoa desenvolver câncer de estômago, provavelmente pela colonização por cepas patogênicas, que causam maior agressão e inflamação da mucosa, podendo desencadear eventos da oncogênese gástrica.

Estudos mostram que esse ser microscópico é um dos causadores do linfoma gástrico, um tipo de tumor mais raro. E recentemente uma pesquisa do Centro Nacional de Câncer da Coreia do Sul publicada no The New England Journal of Medicine aponta que ele também teria um papel no adenocarcinoma, um câncer que atinge as paredes do estômago, e é responsável por cerca de 95% dos casos de tumor do estômago. No Brasil, o câncer de estômago é o terceiro tipo mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres.

Os sintomas que podem ser causados pela infecção por H. pylori só ocorrem quando há a presença de úlceras, sejam elas gástricas (estômago) ou duodenais (parte inicial do intestino delgado) ou quando há o desenvolvimento de câncer de estômago. Para descobrir se o microrganismo está presente no estômago, é possível realizar três testes diferentes para detectá-lo, incluindo a endoscopia, o exame de sangue e uma avaliação respiratória.

O médico poderá solicitar estes exames se existir alguma queixa digestiva importante e de longo prazo, como dor de barriga, má digestão e queimação.

SINAIS E SINTOMAS:

A maioria das pessoas infectadas pela H. pylori não apresenta sintomas. Porém, alguns pacientes podem sofrer com desconfortos estomacais, refluxo, mau hálito, arrotos, azia e problemas de digestão.

EXAMES PARA DIAGNÓSTICO DA H. PYLORI:

Helicobacter pylori, anticorpo IgG (sangue)

Anticorpos anti helicobacter pylori IGA (sangue)

Antígeno helicobacter pylori (fezes)

Teste respiratório (Ar Exalado)

Biópsia do estômago (Endoscopia) 

A indicação de qual método, deve ser realizado pelo médico, de forma individualizada de acordo com as características do paciente.

TRATAMENTO DA H. PYLORI:

A infecção por H. pylori é tratada com antibióticos. Os tratamentos mais comuns incluem também um inibidor da bomba de prótons (medicamentos para o tratamento de úlceras pépticas) para reduzir a produção de ácido. Após a conclusão do tratamento são realizados exames para confirmar se houve de fato a erradicação da infecção por H. Pylori.

*Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico.

REFERÊNCIAS:

Inca: Câncer de estômago. Disponível online em <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-estomago > , acesso em 20 de janeiro 2020

(Autore (s)). Sintomas de H. pylori no estômago. Disponível em < https://www.tuasaude.com/sintomas-de-h-pylori/ > , acesso em 22 de janeiro 2020

(Autore (s)). H. Pylori e câncer gástrico – Revisão de literatura. Disponível em: < https://www.scielo.org/artigo-3007-1-10-20170628.pdf> , acesso em 22 de Janeiro 2020

(Autore (s)). Infecção por Helicobacter pylori. Disponível em: < https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/infec%C3%A7%C3%A3o-por-helicobacter-pylori>, acesso em 28 de janeiro 2020.

 

Amanda Vitória de Souza Martins

CRBM/MG – 5594

Setor Bioquímica

6 de março de 2020 Post direita , , , , , , , , , ,