Trombose venosa profunda (TVP) e viagem
A trombose venosa profunda (TVP) ocorre quando há formação de coágulos no interior das veias, ocasionando uma obstrução à passagem do sangue. As veias mais comumente acometidas são as das pernas (+/- 90% dos casos) e mais frequentemente as das panturrilhas (“batata” da perna). Os sintomas mais frequentes são dor, edema (inchaço) e vermelhidão do local afetado. A trombose acomete principalmente pacientes hospitalizados; que permanecem em repouso prolongado (devido a procedimentos cirúrgicos, tratamento clínico ou fraturas) para estes casos existem ações preventivas específicas que são instituídas pelo médico assistente.

Coágulo sanguíneo e trombose como um grupo de células sanguíneas agrupadas por plaquetas e fibrina, criando um bloqueio em uma artéria ou veia como um símbolo de distúrbio de saúde para o perigo do sistema circulatório.
Em pessoas em ambiente extra-hospitalar, a trombose venosa ocorre principalmente em situações em que a estase venosa se acentua nos membros inferiores, isto é, quando se permanece sentado ou de pé por longos períodos, forçando o acúmulo de sangue nas veias das pernas.
As viagens prolongadas (acima de 5 horas) com favorecimento da imobilidade, associada a possíveis fatores de risco do próprio viajante podem predispor a formação de TVP. A ocorrência da TVP tem forte correlação com a altura do viajante, com risco aumentado nos dois extremos, porque não há o correto ajuste do assento, nas pessoas abaixo de 1,60m ocorre maior pressão na região poplítea (atrás dos joelhos) e nos viajantes com altura maior que 1,90m há maior restrição de movimentação. Outros fatores que podem favorecer a imobilidade seria o uso de sedativos ou a ingestão de bebidas alcoólicas (induzindo sono e evitando que o passageiro se movimente).
As próprias peculiaridades das viagens aéreas, como a disposição dos assentos em múltiplas fileiras paralelas (inibindo a mobilização do passageiro), a orientação de permanecer sentado na maior parte do tempo por questões de segurança do voo, favorecem ainda mais a imobilidade. Além disso, o ambiente interno das aeronaves, seco e com baixos níveis de pressão atmosférica e oxigênio, favorece a desidratação e concentração do sangue, principalmente se a ingestão de líquidos for reduzida.
O risco de trombose venosa é aumentado em viajantes que apresentam fatores individuais de risco, como uso de anticoncepcionais, infarto recente, cirurgias abdominais de grande porte, ortopédicas (artroplastia de joelho e quadril, nas últimas 6 semanas), gestantes, pós partos (primeiras 6 semanas), trombofilias (anormalidades genéticas do sistema de coagulação), idade avançada (aumento risco a partir dos 40 anos), obesidade (IMC >30), história prévia de trombose, doenças oncológicas, insuficiência cardíaca e varizes nas pernas de médio a grosso calibre.
As manifestações da trombose podem ocorrer durante a viagem ou alguns dias após o retorno. A maior complicação da trombose venosa profunda é a embolia pulmonar (quando parte ou todo o coágulo se desprende das veias das pernas e atinge os vasos do pulmão causando obstrução das artérias pulmonares), quadro que pode ser muito grave e até fatal. Mas considerando o número total de pessoas que viajam, o risco da doença trombótica é pequeno.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
O risco de trombose venosa pode ser reduzido por medidas simples, independente do meio de transporte utilizado (avião, carro, ônibus):
- Não usar roupas e calçados apertados
- Não ficar imóvel na poltrona (mudar de posição com frequência)
- Movimentação ativa dos pés e pernas durante o período em que permanecer sentado
- Andar sempre que for possível e seguro (a cada 1-2 horas)
- Evitar cruzar as pernas (dificulta a circulação do sangue)
- Beber líquidos como água e sucos (evita desidratação)
- Evitar uso de bebidas alcoólicas (podem causar sonolência e desidratação)
- Evitar uso de sedativos (favorece imobilidade devido à sonolência)
- Preferência pelos assentos no corredor
- Pessoas com fatores de riscos devem procurar aconselhamento médico antes da viagem, uma vez que poderá estar indicado o uso de meias elásticas ou medicamentos (ambos têm contraindicações).
Referências Bibliográficas:
National Institutes of Health Consensus Conference.Prevention of venous thrombosis and pulmonary embolism.JAMA 1986;256:744-9.
Revista brasileira de cirurgia plástica. — Vol.23, no.2 (2008) -.– São Paulo ISSN 1983-5175
http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/trombose/
Castro Silva M. Tromboembolismo venoso – epidemiologia e fatores de risco. In: Brito CJ, editor. Cirurgia vascular. 1ª ed.Rio de Janeiro: Revinter; 2002. p. 1125-34.
Center for Disease Control and Prevention. CDC Yellow Book 2020: Health Information for International Travel. New York: Oxford University Press; 2017.